BC vende US$ 845 mi das reservas internacionais para segurar dólar
São Paulo, 28 de fevereiro de 2023 – O Banco Central (BC) realizou nesta terça-feira uma forte intervenção no mercado cambial, vendendo US$ 845 milhões de suas reservas internacionais para conter a alta do dólar. A operação, de grande magnitude, demonstra a preocupação da autoridade monetária com a valorização da moeda americana, que vem pressionando o real nos últimos dias. A venda representa uma fatia significativa das reservas brasileiras, que atualmente se encontram em US$ 335,6 bilhões.
Segundo informações divulgadas pelo BC, a operação de venda de dólares ocorreu por meio de leilões, sem a divulgação de detalhes sobre a estratégia específica empregada. A decisão de intervir no mercado se justifica pelo cenário internacional de incertezas, marcado pela persistente alta dos juros nos Estados Unidos e pela volatilidade crescente dos mercados financeiros globais. Embora o comunicado oficial não especifique o impacto da intervenção na cotação do dólar, analistas de mercado afirmam que a medida ajudou a conter, pelo menos temporariamente, o avanço da moeda americana frente ao real.
A valorização do dólar afeta diretamente a inflação brasileira, uma vez que encarece as importações. Além disso, a alta da moeda americana também pode impactar negativamente o desempenho da economia brasileira, considerando a forte dependência do país do comércio exterior. A intervenção do BC, portanto, surge como uma tentativa de mitigar esses efeitos negativos. A magnitude da venda, US$ 845 milhões, demonstra a preocupação do Banco Central com a situação e a sua disposição em atuar de forma contundente para manter a estabilidade cambial.
A estratégia do Banco Central em vender parte de suas reservas internacionais para conter a alta do dólar é uma ferramenta comum utilizada por bancos centrais em todo o mundo para gerenciar a volatilidade cambial. No entanto, o uso repetido dessa estratégia pode, a longo prazo, diminuir o nível das reservas internacionais do país, reduzindo a capacidade de intervenção futura. Analistas acompanharão de perto os próximos movimentos do BC para entender se esta intervenção pontual se repetirá ou se outras medidas serão adotadas para enfrentar a pressão sobre o real. O cenário internacional, marcado por incertezas, permanecerá como um fator determinante na evolução do câmbio nos próximos meses.