Banco Central não vai segurar o dólar ‘no peito’, diz Galípolo
Brasília, 24 de agosto de 2023 – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, descartou nesta quinta-feira a possibilidade de intervenções diretas no mercado cambial para conter a valorização do dólar. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Campos Neto afirmou que a autoridade monetária não irá “segurar o dólar no peito”, priorizando o uso de instrumentos indiretos para influenciar a taxa de câmbio.
A declaração ocorre em um momento de forte apreciação da moeda americana frente ao real. O dólar chegou a ser negociado acima de R$ 4,90 nesta semana, impulsionado por fatores como a expectativa de manutenção de altas taxas de juros nos Estados Unidos e a incerteza política no Brasil. Segundo Campos Neto, a estratégia do Banco Central se concentra em manter a credibilidade da política monetária e em garantir a estabilidade de preços. Ele ressaltou a importância de evitar a formação de expectativas inflacionárias, afetando o poder de compra da população.
O chefe do BC argumentou que intervenções diretas, embora possam proporcionar alívio temporário na cotação do dólar, podem gerar distorções no mercado e comprometer a eficácia de políticas de longo prazo. Ele destacou que a autoridade monetária dispõe de um conjunto de instrumentos indiretos, como operações de swap cambial, para atuar no mercado de forma mais sutil e sustentável. A prioridade, segundo ele, é controlar a inflação e manter a solidez da economia brasileira, mesmo diante das flutuações cambiais.
Campos Neto reforçou que o Banco Central monitora atentamente a situação cambial e está preparado para agir caso sejam identificadas ameaças sistêmicas à estabilidade financeira. No entanto, a intervenção direta não está nos planos do órgão, que prefere atuar de forma indireta, buscando influenciar as expectativas do mercado e o comportamento dos agentes econômicos. A estratégia, portanto, é observar e agir de maneira cautelosa, priorizando a estabilidade econômica de longo prazo em detrimento de ações pontuais para controlar a cotação do dólar.
Em resumo, a posição do Banco Central sinaliza uma mudança de postura em relação a intervenções diretas no mercado cambial, optando por uma estratégia mais indireta e focada na manutenção da credibilidade da política monetária e no controle da inflação. A decisão reflete a visão de que intervenções diretas, embora possam trazer resultados a curto prazo, podem ter consequências negativas a longo prazo para a economia brasileira.