Autoridade Palestina deve supervisionar o pós-guerra em Gaza com ONU e aliados estrangeiros, diz secretário dos EUA
Washington, 14 de janeiro de 2025 – O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, defendeu nesta segunda-feira (14) a ideia de que a Autoridade Palestina assuma um papel de liderança na supervisão da Faixa de Gaza, com o apoio da ONU e de aliados estrangeiros. A proposta, apresentada durante uma reunião com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e outros líderes da região, busca estabelecer uma nova estrutura de governança na região após o conflito recente. A iniciativa visa, segundo Blinken, “impedir o Hamas de reconstruir sua capacidade militar e garantir a entrega de ajuda humanitária à população”.
A proposta americana enfrenta desafios significativos. O Hamas, grupo que controla Gaza desde 2007, rejeitou qualquer possibilidade de colaboração com a Autoridade Palestina, considerando-a ilegítima. A Autoridade Palestina, por sua vez, ainda não se manifestou oficialmente sobre a proposta, embora existam fortes indícios de hesitação, considerando a complexidade da situação e os riscos envolvidos em assumir o controle de uma região em profunda crise humanitária e com histórico de violência.
Blinken argumentou que a participação da ONU e de outros aliados internacionais seria fundamental para garantir a segurança e a eficácia da operação. A cooperação de países com experiência em operações de paz e reconstrução pós-conflito seria crucial para a transição, oferecendo apoio técnico e logístico à Autoridade Palestina. O secretário de Estado enfatizou que o objetivo final é “assegurar a paz duradoura e o desenvolvimento socioeconômico para o povo de Gaza”. No entanto, ele não detalhou quais países seriam convidados a participar desta iniciativa nem como seria estruturado o plano de ação para a transição.
A proposta americana surge em um contexto de profunda incerteza política e humanitária em Gaza. A população enfrenta uma grave crise de escassez de recursos básicos, como água potável, eletricidade e alimentos, agravada pela destruição causada pelo recente conflito. A reconstrução de Gaza representa um desafio colossal, estimando-se custos vultosos e um período extenso para a recuperação.
A recepção da proposta pela comunidade internacional ainda é incerta. Embora haja um consenso geral sobre a necessidade de estabilizar a situação em Gaza e garantir ajuda humanitária, a viabilidade da proposta americana, principalmente diante da oposição do Hamas e das reservas da Autoridade Palestina, permanece em aberto. Os próximos meses serão decisivos para determinar se esta iniciativa conseguirá avançar e se representa, de fato, um passo concreto para uma solução de longo prazo para o conflito.