Assad, de esperança de renovação a ditador brutal



De Herói da Resistência a Ditador Brutal: A Queda de Bashar al-Assad nos Olhos do Povo Sírio

Damasco, 28 de agosto de 2023 – Bashar al-Assad, que em 2011 ascendeu ao poder com 59% dos votos, começou seu governo com a esperança de renovação no imaginário de parte da população síria. Entretanto, 12 anos depois, a imagem do presidente sírio é radicalmente diferente. A repressão violenta aos protestos da Primavera Árabe transformou o oftalmologista de 43 anos, então, em um ditador brutal responsável por uma das guerras civis mais sangrentas do século XXI, segundo apontam diversos relatos e análises internacionais.

A revolta popular, iniciada em março de 2011, foi brutalmente suprimida pelo regime de Assad. A resposta do governo incluiu ataques aéreos indiscriminados, uso de armas químicas, e a criação de milícias leais ao regime, como as shabiha, responsáveis por inúmeros crimes de guerra e contra a humanidade. Organizações internacionais, como a ONU, documentaram milhares de mortes de civis, e a cifra real de vítimas provavelmente é muito maior. O conflito, que já dura mais de uma década, desencadeou uma crise humanitária sem precedentes, com milhões de refugiados sírios espalhados pelo mundo e um cenário de destruição generalizada no país.

A narrativa oficial do governo, que inicialmente pintava Assad como um líder comprometido com a estabilidade e a preservação da unidade nacional, se desfez diante da brutalidade da repressão. O apoio internacional, que antes existia em alguns setores, enfraqueceu significativamente diante das evidências de crimes cometidos pelo regime. Embora Assad tenha conseguido manter-se no poder, graças ao apoio da Rússia e do Irã, o custo humano e a destruição causada são incalculáveis. A população síria, outrora dividida em suas expectativas sobre o jovem presidente que prometia reformas, sofre agora com um legado de morte, violência e destruição.

Estima-se que a guerra civil síria já tenha causado mais de 500 mil mortes e deslocado milhões de pessoas de suas casas. O país, outrora relativamente próspero, está em ruínas, sua infraestrutura devastada e sua economia em colapso. A trajetória de Assad, de uma figura que encarnava esperanças de mudança para um líder amplamente visto como responsável por um genocídio, representa uma tragédia de proporções incomensuráveis para a Síria e para o mundo. A reconstrução do país e a busca por justiça para as vítimas do conflito representam desafios enormes para o futuro.

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