As desavenças que levaram Netanyahu a demitir seu ministro da Defesa, Yoav Gallant
Netanyahu demite ministro da Defesa após críticas à reforma judicial
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, demitiu o ministro da Defesa, Yoav Gallant, no domingo (26/03), após uma semana de crescente tensão entre ambos. A decisão de Netanyahu veio após Gallant ter feito um discurso público no sábado (25/03) criticando a controversa reforma judicial proposta pelo governo, que tem gerado protestos massivos em Israel.
Gallant, considerado um aliado próximo de Netanyahu, alertou em seu discurso que a reforma judicial, que daria ao governo controle sobre o Judiciário, colocaria em risco a segurança nacional de Israel. Ele afirmou que as divisões internas causadas pela reforma “estão minando a força militar de Israel, prejudicando sua capacidade de lidar com desafios internos e externos” e que “a situação atual ameaça os fundamentos da democracia israelense”.
A fala de Gallant, que chamou a atenção para a crescente oposição da sociedade civil à reforma judicial, representa uma mudança significativa na postura do governo. Apesar de Netanyahu ter defendido a necessidade da reforma, a crescente pressão interna e externa, incluindo a de membros do próprio Likud, parece ter levado o primeiro-ministro a recuar em sua posição.
A demissão de Gallant, que é considerado um dos generais mais respeitados de Israel e desempenhou papel fundamental na Operação “Escudo de Proteção” em 2014, intensifica ainda mais a crise política em Israel. Os protestos contra a reforma judicial, que já duram meses, devem se intensificar com a remoção do ministro da Defesa, considerado uma figura de consenso dentro do exército israelense.
Apesar da pressão, Netanyahu insiste em levar adiante a reforma judicial. Ele afirma que a proposta visa fortalecer o sistema judicial israelense e garantir a independência do governo. No entanto, a maioria dos israelenses, incluindo uma parcela significativa dos membros do Likud, acredita que a reforma visa, na verdade, enfraquecer o Judiciário e concentrar o poder nas mãos do primeiro-ministro.
A crise política em Israel, motivada pela reforma judicial, ameaça não só a segurança nacional do país, mas também sua democracia. A demissão de Gallant demonstra a fragilidade do governo de Netanyahu e a crescente pressão por mudanças no rumo da reforma judicial. A situação se torna ainda mais complexa diante do histórico de Netanyahu, que já foi condenado por corrupção e enfrenta uma série de acusações criminais. O futuro da política israelense, portanto, está incerto e depende de como a crise atual se desenrolará.