Argentina de Milei ameaça consenso no G20



Buenos Aires, 20 de novembro de 2023 – A vitória avassaladora de Javier Milei nas eleições presidenciais argentinas lança uma sombra de incerteza sobre a próxima cúpula do G20, que ocorrerá em Nova Déli, na Índia, em 9 e 10 de setembro de 2024. O liberal ultraliberal, conhecido por suas posições econômicas radicais e sua admiração por Donald Trump, prometeu uma drástica mudança na política externa argentina, o que preocupa os demais membros do grupo. Sua postura isolacionista e suas críticas ao multilateralismo podem dificultar a construção de consensos em temas cruciais para a economia global.

O programa econômico de Milei prevê a dolarização da economia argentina, a privatização de empresas estatais e cortes drásticos nos gastos públicos. Estas medidas, consideradas por muitos como extremamente ousadas e potencialmente desestabilizadoras, poderiam gerar atritos com os demais países do G20, que defendem abordagens mais moderadas para o desenvolvimento econômico. A incerteza sobre a capacidade de Milei de implementar seu programa, dada a fragilidade da economia argentina e a resistência da sociedade, também pesa sobre as expectativas para a participação do país na cúpula.

A vitória de Milei, com 30% dos votos no primeiro turno, representa uma ruptura significativa com o consenso político argentino das últimas décadas. Seu sucesso eleitoral é atribuído, em grande parte, à insatisfação da população com a inflação galopante e a crise econômica crônica que assola o país. Contudo, a radicalidade de suas propostas gera preocupações tanto em nível nacional quanto internacional, levantando questionamentos sobre sua capacidade de conduzir a Argentina em um cenário geopolítico complexo e interdependente.

Especialistas apontam que a postura de Milei no G20 poderá ser marcada pela defesa de seus interesses nacionais acima de qualquer compromisso multilateral. Sua rejeição ao consenso e sua preferência por acordos bilaterais podem gerar tensões com outros países e dificultar as negociações sobre temas como mudança climática, regulação financeira e comércio internacional. A proximidade de Milei com ideologias ultraliberais e o ceticismo em relação às organizações internacionais alimentam essas apreensões.

A participação da Argentina no G20 sob o governo de Milei promete ser, portanto, um desafio significativo para o multilateralismo. A incerteza quanto às suas ações e suas posições ideológicas tornam-se um fator preocupante para a cooperação global, ameaçando a capacidade do grupo em alcançar consensos e avançar em questões de interesse coletivo. A cúpula de 2024 será um teste crucial para a capacidade de Milei de se inserir no cenário internacional e para a própria resiliência do G20 frente a novas dinâmicas geopolíticas.

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