Anavitória evolui em ‘Esquinas’, mas o canto doce da dupla dissipa densidade das letras sobre as incertezas da vida



AnaVitória lança “Esquinas” e explora novas sonoridades, mas letras carecem de profundidade, diz Mauro Ferreira

– O novo álbum da dupla AnaVitória, “Esquinas”, chegou às plataformas digitais nesta sexta-feira (14/12), marcando uma evolução sonora significativa na trajetória das irmãs. Mauro Ferreira, crítico musical do G1, analisou o trabalho e destaca a busca por novas texturas e ritmos, mas aponta uma certa fragilidade na profundidade das letras, que abordam as incertezas da vida.

O álbum apresenta uma sonoridade mais madura e experimental, rompendo com o estilo que consagrou a dupla. Ferreira destaca a incorporação de elementos eletrônicos e a experimentação com diferentes gêneros musicais, resultando em um trabalho mais diversificado e menos apegado à fórmula anterior. A produção, segundo o crítico, revela um amadurecimento na construção das canções, com arranjos mais elaborados e uma maior exploração instrumental. Há uma busca clara por novas cores sonoras, com batidas mais modernas e a utilização de sintetizadores e efeitos eletrônicos.

Contudo, a análise aponta para um ponto de fragilidade: as letras. Apesar de versarem sobre temas relevantes como as incertezas da vida adulta e as reflexões sobre o futuro, a crítica sugere que a profundidade emocional e a riqueza poética esperadas não estão totalmente presentes. A beleza do canto da dupla, reconhecidamente um dos pontos fortes da AnaVitória, acaba por disfarçar, em alguns momentos, a falta de densidade nas composições, segundo Ferreira. O crítico sugere que a busca pela inovação sonora talvez tenha se sobreposto à construção de letras mais robustas e impactantes.

Apesar dessa observação sobre as letras, o lançamento de “Esquinas” consolida a trajetória de crescimento artístico da dupla. A ousadia em experimentar novos sons e estruturas demonstra uma busca constante por evolução e consolida a AnaVitória como uma força relevante na música brasileira, mesmo que com algumas arestas a serem lapidadas em futuras produções. O álbum, portanto, apresenta um balanço interessante: um avanço sonoro notável, que porém não encontra total correspondência na profundidade poética das letras. A pergunta que fica é: a busca por novas “esquinas” musicais terá, em trabalhos futuros, a companhia de letras tão ricas e exploratórias quanto as novas sonoridades apresentadas em “Esquinas”?

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