Acordo UE-Mercosul beneficiará principalmente a Europa, diz presidente do Paraguai
– O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, expressou suas preocupações sobre o desequilíbrio no acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, afirmando que o tratado beneficiará principalmente os países europeus. Em entrevista concedida durante sua visita à Europa, Benítez destacou a necessidade de ajustes para garantir uma maior equidade para os países sul-americanos.
O mandatário paraguaio argumentou que a abertura comercial proposta pelo acordo, com a redução de tarifas e a eliminação de barreiras para diversos produtos europeus, acarretará em uma competição desleal para os produtores do Mercosul. Ele alertou que a indústria agrícola sul-americana, em particular, será significativamente afetada pela concorrência com a produção europeia, mais eficiente e subsidiada. Não foram citados percentuais específicos sobre a previsível desvantagem para o Mercosul.
Benítez destacou a importância do Mercosul como bloco econômico e reforçou a necessidade de uma negociação mais justa e equilibrada. Ele enfatizou a necessidade de se levar em consideração as diferentes realidades econômicas e produtivas dos países sul-americanos e europeus, para evitar que o acordo resulte em prejuízos significativos para a economia da região. O presidente paraguaio não detalhou quais ajustes específicos deveriam ser implementados para corrigir o desequilíbrio, mas sugeriu a necessidade de uma revisão criteriosa das cláusulas do acordo.
A declaração de Benítez ocorre em um momento delicado para o processo de ratificação do acordo UE-Mercosul, que enfrenta resistências em vários países europeus, incluindo a França, devido a preocupações ambientais e relativas aos direitos dos trabalhadores. A perspectiva de um benefício desproporcional para a Europa, como apontado pelo presidente paraguaio, pode intensificar essas resistências e dificultar ainda mais a aprovação final do tratado.
Em resumo, as preocupações expressas pelo presidente do Paraguai colocam em xeque a equidade do acordo UE-Mercosul e reforçam a necessidade de um exame mais aprofundado das suas implicações para os países do Mercosul. A declaração de Benítez serve como um alerta para a necessidade de negociações futuras mais justas e que levem em consideração as especificidades econômicas dos países da América do Sul.