A vivência da alteridade



São Paulo, 27 de julho de 2023 – A compreensão da alteridade, ou seja, a capacidade de reconhecer e respeitar a diferença do outro, é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Esta é a premissa central da pesquisa de Rafael Mariano, apresentada no artigo “A vivência da alteridade”, publicado na Carta Capital. Mariano, através de sua pesquisa de doutorado em Antropologia Social na Universidade de São Paulo (USP), mergulha na complexidade dessa experiência, analisando como indivíduos constroem suas relações com aqueles considerados “diferentes”.

O estudo de Mariano, desenvolvido entre 2017 e 2022, utilizou a metodologia da etnografia, que envolveu imersão prolongada em campo. Seu foco se voltou para o cotidiano de indivíduos que se identificam como LGBT e seus modos de lidar com a discriminação e a invisibilização. O pesquisador acompanhou, por exemplo, a trajetória de um grupo de travestis que atuam na região central de São Paulo, observando suas estratégias de sobrevivência e resistência em um contexto marcado por preconceito e violência. Além disso, o trabalho também analisou como essas pessoas constroem redes de apoio mútuo e solidariedade para enfrentar as adversidades.

Um dado particularmente relevante levantado pela pesquisa é o alto índice de violência sofrido por esse grupo. Mariano destaca que 90% dos entrevistados relataram já terem sido vítimas de algum tipo de violência, física ou verbal, por conta de sua identidade de gênero. Este número alarmante demonstra a urgência de políticas públicas eficazes para combater a LGBTfobia e garantir a segurança e os direitos dessa população.

A pesquisa não se limita apenas a documentar a violência sofrida, mas também busca compreender as estratégias de resistência e afirmação de identidade empregadas por essas pessoas. O trabalho de Mariano destaca a importância da construção de espaços de pertencimento e a criação de redes de apoio como fatores cruciais para a superação das dificuldades e a promoção da inclusão social. Através do compartilhamento de experiências e da construção de laços de solidariedade, essas pessoas encontram força para enfrentar o preconceito e lutar por seus direitos.

Em conclusão, a pesquisa de Rafael Mariano contribui significativamente para uma melhor compreensão da experiência da alteridade e da luta pela inclusão social de grupos marginalizados. Ao documentar as vivências de travestis em São Paulo, o estudo lança luz sobre a realidade da violência e da discriminação, mas também sobre a resiliência e a capacidade de resistência dessas pessoas, que constroem seus próprios caminhos de afirmação de identidade e de luta por uma sociedade mais justa e equitativa. Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade urgente de combate à LGBTfobia e de políticas públicas que promovam a inclusão e garantam os direitos dessa parcela da população.

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