A primeira privatização do governo Milei vai para doadores de campanha de Trump
Privatização polêmica na Argentina: empresas ligadas a doadores de Trump se beneficiam
– A primeira privatização do governo argentino de Javier Milei, recém-empossado, já gera controvérsia. A venda de ações da empresa estatal de água e esgoto, AySA, para o consórcio integrado pelas empresas “Agua y Saneamientos Argentinos” e “Aguas de Buenos Aires”, suscita preocupações por supostas ligações entre os novos acionistas e doadores da campanha presidencial de Donald Trump nos Estados Unidos.
A transação, concluída em 27 de agosto, envolveu a venda de 25% das ações da AySA. Embora o governo argentino não tenha divulgado oficialmente os nomes dos compradores, investigações da imprensa apontam para a participação significativa de empresas com fortes laços com financiadores da campanha de Trump em 2016 e 2020. A falta de transparência em torno dos nomes dos acionistas e a rapidez da negociação acendem o alerta para possíveis irregularidades. A ausência de um processo licitatório aberto e competitivo também é questionada por analistas políticos e especialistas em regulamentação, levantando suspeitas de favorecimento.
O governo Milei justifica a venda como necessária para sanear as contas públicas e atrair investimentos estrangeiros. No entanto, a ligação com doadores de Trump alimenta as críticas, que vão além da falta de transparência. Observa-se que a Argentina enfrenta uma crise econômica profunda, com alta inflação e desemprego, e que a privatização de empresas estatais é um tema sensível no país. A oposição acusa Milei de priorizar interesses privados em detrimento do interesse público, utilizando a privatização como um mecanismo para recompensar aliados políticos internacionais.
A controvérsia em torno da privatização da AySA promete gerar debates acalorados no Congresso argentino. A oposição já anunciou que solicitará uma investigação sobre a transparência do processo e as ligações entre os novos acionistas e a campanha de Trump. A população, por sua vez, se mostra dividida, com parte da sociedade defendendo a privatização como solução para a crise, e outra manifestando preocupação com os potenciais impactos negativos e a falta de ética na condução do processo.
A venda de 25% da AySA para empresas com possíveis ligações com doadores de Trump configura, portanto, um início conturbado para a agenda de privatizações de Javier Milei, levantando questionamentos sobre a governança e a transparência do seu governo. A falta de detalhes e a velocidade da transação contribuem para um clima de incerteza e desconfiança em relação às futuras privatizações no país. Resta aguardar os desdobramentos da investigação e o posicionamento oficial do governo diante das denúncias.