A jogada de Macron para tentar brecar acordo Mercosul-UE antes da cúpula
Brasília, 5 de dezembro de 2024 – A cúpula da comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), marcada para acontecer no próximo dia 7, em Brasília, tornou-se palco de uma disputa crucial sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente francês, Emmanuel Macron, intensifica os esforços para frear a ratificação do acordo, lançando dúvidas sobre sua conclusão antes do encontro. A pressão francesa, que se mostra preocupada com as implicações ambientais e os impactos na agricultura europeia, ameaça o cronograma estabelecido e coloca em xeque a celebração esperada do acordo na cúpula.
A reportagem do G1 revela que a resistência francesa se baseia principalmente em preocupações ambientais e no impacto da concorrência sobre o setor agrícola europeu. Macron argumenta que o acordo na sua forma atual não garante o cumprimento de metas ambientais adequadas pelo Mercosul, levantando questões sobre a sustentabilidade da produção agropecuária nos países sul-americanos. A França, um dos principais players agrícolas da União Europeia, temem uma inundação do mercado europeu por produtos agrícolas oriundos do Mercosul, o que poderia prejudicar seus produtores.
A resistência francesa não é nova, mas ganhou força nas últimas semanas. O próprio presidente Macron tem sido vocal em suas críticas, buscando aliados dentro da União Europeia para fortalecer sua posição. A pressão francesa adiciona um novo capítulo de incertezas a um processo de negociação já complexo e longo, que se arrasta desde 2019. A conclusão do acordo depende da aprovação de todos os países membros da UE e do Mercosul.
Apesar das preocupações francesas, governos de outros países da UE demonstram maior otimismo quanto à conclusão do acordo. A expectativa é que a pressão francesa seja confrontada por outros membros da União Europeia que veem o acordo como uma oportunidade crucial para o crescimento econômico e a consolidação de laços comerciais estratégicos.
A cúpula da CELAC em Brasília se configura como um cenário crucial para a resolução deste impasse. A expectativa de uma assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia na ocasião está, no entanto, comprometida pelas manobras políticas de Macron, que parece disposto a usar a sua influência para adiar a celebração, caso não haja concessões em relação às preocupações francesas em relação ao meio ambiente e à concorrência agrícola. O desfecho dessa disputa permanece incerto e dependerá das negociações e da capacidade dos líderes envolvidos de encontrar um consenso nas próximas horas.