‘A Geração Ansiosa’ e a nova caverna de Platão



A Geração Ansiosa e a Nova Caverna de Platão: A tecnologia como aprisionamento contemporâneo

– A tecnologia, ferramenta que promete conectar e libertar, tem aprisionado uma geração em uma nova caverna, segundo o filósofo e professor da USP, Denis Rosenfield. Em artigo publicado na Carta Capital, Rosenfield traça um paralelo entre a alegoria da caverna de Platão e a realidade atual, marcada por uma ansiedade crescente, especialmente entre os jovens, alimentada pelo uso excessivo das redes sociais e pela constante busca pela validação externa.

O autor argumenta que, assim como os prisioneiros na caverna de Platão, muitos indivíduos atualmente estão presos a uma realidade virtual, manipulada e superficial, criada pelas plataformas digitais. A ilusão da conexão, representada pelas notificações constantes e pela enxurrada de informações, impede uma reflexão mais profunda sobre a vida e a realidade concreta. Rosenfield destaca a pressão por produtividade e a competição exacerbada, intensificadas pelas redes sociais, como fatores que contribuem para o aumento dos níveis de ansiedade, especialmente entre os jovens. Um estudo citado pelo autor indica que 75% dos entrevistados sentem pressão para se manterem conectados e produtivos, mesmo fora do horário de trabalho.

A busca incessante pelo “curtir” e pela validação online, segundo o artigo, gera uma dependência que afeta a saúde mental, levando a quadros de depressão e ansiedade. Rosenfield alerta para o perigo de se viver uma vida superficial, focada apenas na imagem projetada nas redes sociais, em detrimento de experiências reais e autênticas. A “nova caverna” não aprisiona fisicamente, mas sim a mente, impedindo o desenvolvimento de uma consciência crítica e autônoma.

Para Rosenfield, a saída dessa armadilha contemporânea reside na conscientização e na busca por um equilíbrio entre o mundo digital e o mundo real. É preciso questionar criticamente as informações e os estímulos recebidos, cultivando o pensamento crítico e a busca por experiências significativas, desconectadas da pressão constante das plataformas digitais. A reflexão sobre o próprio uso da tecnologia e a busca por momentos de desconexão são essenciais para romper as correntes dessa “nova caverna” e encontrar a verdadeira liberdade. A conclusão do artigo é um apelo à necessidade de uma postura mais consciente e crítica diante da tecnologia, para que ela seja uma ferramenta de empoderamento e não um instrumento de aprisionamento.

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