À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 18 de julho de 2023 – A expectativa pela chegada do ex-presidente americano Donald Trump pairou sobre a cúpula dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G20, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 17 e 18 de julho. A ausência física de Trump, ainda assim, não conseguiu ofuscar a profunda divisão entre os países membros, mesmo com os esforços em busca de um diálogo construtivo. A reunião, que antecede a cúpula de líderes em Nova Délhi, em setembro, serviu como um termômetro da fragilidade da cooperação internacional em um cenário geopolítico complexo.
A guerra na Ucrânia e suas consequências econômicas globais dominaram as discussões. Embora houvesse um consenso geral sobre a necessidade de estabilidade econômica e financeira, divergências significativas persistiram em relação à melhor maneira de lidar com os desafios. A falta de um comunicado conjunto ao final do encontro demonstra a profundidade dessas divergências. A dificuldade em encontrar uma linguagem comum sobre a guerra, a inflação e a dívida global reforça um cenário de crescente fragmentação.
Um dos pontos mais sensíveis foi a discussão sobre o aumento dos juros nos países desenvolvidos, uma medida que impacta diretamente as economias emergentes. Países em desenvolvimento argumentaram que essas políticas monetárias restritivas exacerbam seus problemas de dívida e prejudicam o crescimento. O documento final da reunião refletiu esse impasse, limitando-se a um apanhado das discussões em vez de um consenso concreto sobre as políticas econômicas globais. A declaração final enfatizou a necessidade de uma abordagem multilateral e inclusiva, mas sem definir claramente ações concretas.
A ausência de uma declaração comum reforça a percepção de que o G20, mesmo com seus esforços para promover o diálogo, enfrenta dificuldades significativas para superar as profundas divisões entre seus membros. A sombra de Trump e a polarização política global parecem ter pesado sobre as negociações, dificultando a busca de soluções colaborativas para os desafios econômicos urgentes que afetam o mundo.
A expectativa agora se volta para a cúpula de líderes em Nova Délhi, em setembro. O sucesso deste encontro dependerá da capacidade dos países membros de superar suas diferenças e encontrar um caminho para a cooperação internacional efetiva em um cenário geopolítico cada vez mais instável. A reunião no Rio de Janeiro serviu como um alerta claro: o caminho para a resolução dos desafios globais é árduo e repleto de obstáculos.