A armadilha repetida do ‘Brasil de classe média’
A armadilha da classe média brasileira: um ciclo de promessas e frustrações
– O Brasil se vê novamente preso a uma armadilha histórica: a promessa de ascensão da classe média, que se revela, mais uma vez, como um ciclo vicioso de conquistas efêmeras e retrocessos significativos. Um artigo de opinião publicado na CartaCapital analisa esse fenômeno, apontando para as fragilidades estruturais que impedem a consolidação de uma classe média robusta e sustentável no país.
O texto destaca que, apesar de avanços pontuais em determinados períodos, como o crescimento econômico registrado entre 2003 e 2014, a parcela da população brasileira classificada como classe média permanece instável. Esse crescimento, alimentado por políticas sociais e expansão do crédito, não se traduziu em uma ascensão social duradoura para a maioria. A fragilidade dessa ascensão fica evidente na vulnerabilidade dessa população a crises econômicas, como a de 2015, que levou milhões de brasileiros a perderem o status de classe média. O artigo cita que, em 2014, 51% dos domicílios eram classificados como classe média, enquanto em 2021 esse número caiu para 43%.
O autor argumenta que a falta de investimentos consistentes em educação e saúde, pilares fundamentais para a mobilidade social, contribui para a perpetuação desse ciclo. A desigualdade de renda, que persiste como um dos maiores desafios do país, mantém a classe média em uma situação de precariedade, suscetível a quedas bruscas em seu padrão de vida. A dependência de políticas de crédito, muitas vezes com altas taxas de juros, agrava essa situação, criando uma armadilha de endividamento que dificulta a acumulação de patrimônio e a construção de uma vida financeira segura.
Outro ponto crucial levantado é a ausência de políticas públicas efetivas que promovam a geração de empregos de qualidade e bem remunerados. A precarização do trabalho, com a proliferação de empregos informais e com baixos salários, torna a conquista e manutenção do status de classe média ainda mais desafiadoras. O artigo aponta que a concentração de renda permanece alta, com os 10% mais ricos detendo 47,7% da renda nacional.
Em suma, o artigo da CartaCapital conclui que a construção de uma classe média sólida e sustentável no Brasil exige mais do que políticas pontuais e de curto prazo. É necessário um conjunto de ações estruturantes, voltadas para a redução da desigualdade, o investimento em educação e saúde de qualidade, a geração de empregos decentes e a promoção de um desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável. A repetição da armadilha da classe média demonstra a urgência de enfrentar as raízes profundas da desigualdade social brasileira para, finalmente, construir um futuro de maior justiça e prosperidade para todos.